Existem 3 níveis de
maturidade no processo BIM e estes podem ser explicados em termos simples.
Eu ajudo empresas a implementar o processo BIM e para isso avalio
o seu nível de maturidade. Nesta publicação explico o modelo que
utilizo para abordar este tema.
Diagrama de Maturidade |
O nível zero representa essencialmente o uso do desenho assistido por
computador (CAD) para criar desenhos e/ou elementos utilizando software. Este nível está um
passo à frente da criação de peças desenhadas à mão. Em contraste, os níveis um
a três lidam com vários graus de modelação, colaboração e eventualmente a
partilha de processos BIM completamente integrados e com elevado grau de
interoperabilidade.
No nível um existe a evolução das ferramentas de CAD. Estas ajudam a gerar
blocos de informação 2D com informação não gráfica e modelos 3D não
normalizados.
O nível dois demonstra já um progresso ao nível do processo BIM. O modelo
de informação já se encontra normalizado, em diferentes equipas de trabalho e
em diferentes áreas de actuação. A normalização dos modelos acontece dentro do
CDE (Common Data Environement ou ambiente de dados comuns), partilhado por
todas as equipas. Tornando a descrição deste nível mais generalista posso
referir-me a ele como base de dados colaborativos e gestão de bibliotecas. No decorrer
deste artigo defino melhor esta afirmação.
O nível três mostra uma total integração do processo BIM, com um ecossistema
ao nível de informação extremamente maduro, onde todas as partes do projecto
conseguem executar a sua área do projecto em tempo real, cooperativamente e
colaborativamente. Esse processo em seguida será entregue ao cliente para
posterior gestão do activo (AIM – Asset Information Model).
Uma parte das empresas em Portugal já está a começar a olhar para o
processo BIM e em como o implementar. Contudo, na Europa, existem concursos para
empresas que desenvolvam projectos BIM em nível dois, nomeadamente em França, no Reino Unido e na Escandinávia.
Eu faculto serviços BIM, além de formar profissionais nesta metodologia e desenvolvermos ferramentas que
potenciam a utilização do processo BIM em nível três. Contudo o estado da arte
em Portugal não nos permite, hoje, prestar serviços acima do nível dois.
Então, o que realmente quer dizer maturidade nível dois e como é que você vai
saber se já alcançou esse nível de maturidade?
A definição exacta ainda está a ser debatida em toda a Europa. Em Portugal é a CT197 que o está a fazer. Existe contudo um consenso sobre os princípios
fundamentais.
Um dos princípios define que os criadores originais do processo de criação
do modelo de informação partilham esta informação por referências, modelos normalizados
ou tradutores directos.
Estes modelos de informação são desenvolvidos por software capaz de
resolver problemas relativamente às disciplinas exigidas e bases de dados
proprietárias com vários graus de interoperabilidade.
Deve haver um processo e/ou protocolo para a troca de informação digital, tal como na restante Europa, estamos a desenvolver processos em IFC, IFD, IFM.
Também deve existir um claro EIR criado pelo cliente ou definido pelo
prestador de serviço. Este documento deve ser criado segundo uma linguagem de "QLS" (Questões de Linguagem Simples).
Cada contribuidor de conteúdo deve avaliar antes de avançar com o projecto,
se tem as capacidades de assegurar a entrega do projecto definido no EIR. Sendo
o “contribuidor” um prestador de serviço de projecto ou uma especialidade.
Deverá existir um protocolo BIM e/ou um BIM EP e toda a informação deve
ser trocada e partilhada na área que desenvolvi num artigo anterior sobre CDE.
Todos estes elementos, compilados, resultam na entrega de um processo BIM
coordenado com informação gráfica e não gráfica ao Cliente, para que este o utilize na
gestão do Activo. Embora estes princípios fundamentais representem uma
maturidade nível dois, ainda estão a evoluir, portanto, assegure-se de estar actualizado seguindo as directivas europeias.
"A capacidade da cadeia de informação operar ao nível de informação"
"A capacidade da cadeia de informação operar ao nível de informação"
O facto dos níveis de maturidade variarem de zero a três nada tem a ver com as
dimensões que se podem agregar ao processo BIM. Adicionalmente à representação
3D pode ser atribuída informação agregada para desenvolver dimensão como 4D, 5D
e 6D.
A quarta dimensão BIM (BIM 4D) representa o planeamento de tempo ou cronograma de execução. A quinta dimensão (BIM 5D) está associada à aferição de custos do activo e a sexta dimensão (BIM 6D) à gestão do activo. Estes
termos representam dimensões do processo BIM e não níveis ou estágios de
maturidade. Todas estas dimensões podem estar presentes nos níveis de
maturidade dois ou três.
O diagrama apresentado neste artigo é copiado da obra de autoria de Mark
Bew e Mervyn Richards.
Será sempre bem-vindo a partilhar e inspirar outros, desde que jogue pelas
Regras.
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